As
estipulações específicas, que funcionam como aplicação ou explicação nas
situações específicas do dia a dia (SANTOS, 2016, P. 53), iniciam-se com as
leis referente ao Santuário, as quais são introduzidas pela recorrente
exortação: cumpram estes estatutos e juízos que o Senhor deu, para possuir a
terra! A exigência de integridade em Dt 12 é comprovada pela necessidade de se
destruir todos os lugares de adoração idólatra (v.2-3) e pela proibição de
cultuar a Deus a semelhança da adoração Cananéia aos deuses pagãos, inclusive
pelo sacrifício humano. (v.30-32). O Senhor tem preceitos para todas as áreas
da vida de Seu povo, inclusive para a alimentação (v.15-19; 14.1-21), dízimos
(14.22-29), perdão de dívidas, libertação de escravos, dedicação das primícias
do rebanho (15.1-23) e festas religiosas (16.1-17). Desta feita, torna-se claro
que Deus tem total interesse na vida religiosa, familiar e social de Seu povo.
A manutenção
da integridade é vista no capítulo treze. O falso profetismo é algo seríssimo e
pode levar o povo do Senhor a um afastamento da obediência e santidade, por
isto, todos que estivessem sendo instrumentos de desvios deveriam morrer, até
mesmo os parentes mais próximos deveriam apedrejar o culpado (v.6-11). Uma
cidade toda deveria ser destruída, caso fosse levada a idolatria por homens
malignos. De fato, Deus leva muito a sério a lealdade absoluta de Seu povo.
A pena de
morte como punição para a violação da aliança é novamente segurada. Outras
diversas prescrições da parte do Senhor são dadas: escolha de reis; herança dos
levitas; punição para feiticeiros e falsos profetas; cidades de refúgio; uso de
testemunhas; procedimentos na guerra; julgamento de homicídio; casamento com
mulheres de povos conquistados; filhos rebeldes; relacionamentos interpessoais;
pessoas proibidas de entrar na congregação, além de outas áreas tratadas (Dt
17-26), tudo isto visando a integridade perante o Senhor por meio de uma
obediência amorosa, o que traria como consequência as bênçãos e a proteção
divinas (26.16-19).
A cerimônia
de ratificação do pacto é descrita no capítulo 27. No início do capítulo é
ordenada a construção de um altar e a escrita do livro da lei ao atravessar o
Jordão. Moisés estabelece o monte Gerizim para o anúncio das bênçãos e o monte
Ebal para o pronunciamento das maldições. As bênçãos e as maldições, devido a
integridade ou falta de integridade, são detalhadas no capítulo 28.
Os termos da Aliança (Dt 29-30)
Nestes dois capítulos, “Moisés especifica os
detalhes do pacto sob o qual os israelitas entrariam [e permaneceriam] na terra
prometida” (RYRIE, 2006, p.198). Estando todos perante o Senhor, Moisés,
convoca-os a uma resposta leal, tendo por base a fidelidade absoluta do Deus de
Israel. O próprio Senhor se interpôs por julgamento (29.12), mostrando assim a
garantia de Sua integridade para com o pacto. Aquela nova geração estava se
comprometendo com Deus e testemunhando a palavra de compromisso e juramento do
Senhor, como Ele já havia feito com os patriarcas e as gerações passadas
(29.13). Igualmente, por meio da identificação genealógica, aquela geração
presente nas planícies de Moabe estava comprometendo as próximas gerações com o
Senhor (29.14-15).
A idolatria é
mais uma vez condenada e o Senhor adverte para que qualquer raiz de idolatria,
que traga consequências amargas para o povo do pacto, seja completamente erradicada
(29.16-18). Qualquer pensamento curvo, que leve alguém a acreditar que viverá
bem, apesar da perversidade pessoal, será julgado e terá a ira de Deus como
consequência em sua vida (29.19-20). De fato, o Senhor se dispõe a derramar
abundantemente a Sua justa ira, caso o povo venha a desprezar a aliança feita
com o Senhor, isto será um grande espanto para todas as nações que destas
coisas testemunharem (29.24-28).
Dentre as
maldições previstas para os infiéis e desobedientes, está o cativeiro (o que
foi concretizado na história de Israel). No entanto, movido por sua Misericórdia,
o Senhor prometeu trazer de volta o Seu povo do cativeiro, caso haja a
verdadeira contrição e arrependimento. Evidentemente, da mesma forma como a
falta de integridade traria graves consequências, a presença da integridade
trará restauração (30.1-20). É exatamente neste contexto de arrependimento e
restauração, que somos informados de algo fundamental, a saber, a transformação
interna e completa não é obra meramente humana, depende da volição e do agir de
Deus (30.6).
A despedida de Moisés e a exaltação da integridade de Deus (Dt 21-34)
A fidelidade
do Senhor mais uma vez seria provada pelo fato de que Ele passaria adiante do
Povo, destruiria as nações inimigas e daria a terra como herança aos filhos de
Abraão (31.3,8). Da parte do povo a lealdade seria exigida. Deveriam ler
periodicamente o livro da lei, para todo o povo, como uma forma de ensinar as
gerações posteriores a respeito do Senhor, a fim de que eles O temessem e O
obedecessem todos os dias de suas vidas (31.10-13).
Infelizmente,
em meio a toda esta afirmativa de compromisso e lealdade da parte do povo, o
Senhor revela a Moisés que rapidamente eles iriam se corromper e abandonar a
integridade perante o Senhor, quebrando assim a aliança que fizera com Ele
(31.16).
Em meio a
tudo isto, Moisés, antes de sua partida, ensinou um cântico de exaltação a Deus
a toda aquela geração, para que, todos conhecessem e transmitisse os estatutos
e juízos do Deus verdadeiro, pois das Palavras do Senhor dependia a vida de
cada um deles (32.46-47). Finalmente, Moisés profere palavras de bênçãos as
tribos de Israel, sobe ao monte Nebo, contempla a terra prometida e, aos cento
e vinte anos morre perante o Senhor e o Senhor mesmo sepulta o corpo do Seu
mensageiro e nomeia Josué como sucessor.
Vimos até
aqui, panoramicamente, que cada capítulo do livro de Deuteronômio pode ser
visto a luz da integridade de Deus e de Sua exigência de integridade por parte
de Seu povo.
RYRIE, Charles C. A Bíblia anotada: edição expandida. Tradução de Susana Klassen. São Paulo:
Mundo Cristão, 2006.
SANTOS, Pedro E. C. Exegese
em Deuteronômio. Natal: SIBB, 2016 “material não publicado”.
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